Gestão: propósito deve ser criar valor e não ganhar dinheiro
Uma empresa precisa ter um firme e claro propósito de negócios focalizado nos clientes
Qual deveria ser o propósito básico de uma empresa farmacêutica?
Certamente, estar preocupada em desenvolver, produzir e comercializar medicamentos que possam diminuir ou resolver problemas de saúde dos seres humanos. Isso é o principal.
E uma organização do setor automotivo?
Claro que buscar cada vez mais as melhores soluções para o problema da mobilidade.
Grandes empresas do Brasil têm feito recentemente declarações públicas que podem representar uma mudança significativa na gestão dessas companhias e talvez até nas relações entre as empresas privadas e os governos em geral.
Elas têm se comprometido a tomar precauções mais rígidas de ética e conduta com a implementação de novas regras de “compliance”.
Nota-se uma possível implicação e reflexão acerca do propósito da organização.
Uma das bases da gestão lean está justamente aí. Uma empresa precisa ter um firme e claro propósito de negócios focalizado nos clientes.
Muitas empresas pecam justamente nisso: definem como “propósito” principal algo como “ganhar muito dinheiro”, “obter o maior lucro possível”, “ganhar todas as concorrências”, “eliminar a concorrência” ou coisas do tipo.
Trata-se de um caminho errado. É claro que uma empresa privada visa ao lucro. Mas isso deve ser consequência e não um fim em si mesmo.
O verdadeiro e mais adequado propósito básico de uma organização deve ser outro:criar valor real para os seus clientes. Se isso ocorrer, os lucros virão naturalmente.
Muitas empresas, porém, têm se esquecido disso e andam buscando a obtenção do lucro por diversos outros caminhos, deixando muitas vezes o cliente à deriva, com atendimento muito aquém do adequado.
E a base desse erro está na definição do propósito, nessa ideia de que “ganhar dinheiro” é o principal, enquanto deveria ser “criar valor”.
Agregar valor, resolver problemas, atender as expectativas, necessidades e demandas dos clientes e da sociedade… isso sim é o que justifica a existência de uma organização.
Assim, parece óbvio admitir que o propósito de uma construtora de grandes obras seja, por exemplo, projetar, construir e entregar projetos de infraestrutura, como viadutos, estradas, aeroportos, pontes, barragens, instalações industriais, refinarias de petróleo, plataformas, além de edifícios comerciais e residenciais, casas etc.
Mas devem ser obras que precisam ser realizadas com prazos, qualidades e custos adequados, sempre tentando, em todos esses quesitos, atender, da melhor forma possível, os clientes. E trabalhar da forma cada vez mais eficaz. Esse deve ser o real propósito.
O propósito de uma grande empresa de tecnologia voltada à comunicação deveria ser contribuir com as melhores soluções para que a sociedade se comunique cada vez melhor.
Mas isso deve ser feito respeitando o cliente, com custos adequados, eliminando as burocracias, o mau atendimento, o não funcionamento do sistema etc.
Esse deve ser o clamor de toda a sociedade, de se juntar em um movimento para trazer mais transparência e eficiência. Se as empresas forem na direção correta, a sociedade terá muitos benefícios.
O equívoco na definição de propósito traz muitos danos aos clientes e à sociedade. A busca de país melhor passa pelo maior esforço das empresas serem cada vez mais orientados para agregar valor.
José Roberto Ferro é presidente do Lean Institute Brasil
Fonte: Época Negocios
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