Vivemos numa época da qual nos orgulhamos por desfrutar conhecimentos nunca antes usufruídos. Temos uma medicina avançada, uma tecnologia de ponta, e os meios digitais nos permitem conhecer várias literaturas em tempo real.

Deus dá a cada ser humano um dom, que é movido por uma inteligência que permite seu uso para o bem ou para o mal. Quando não exercitamos a inteligência no dia a dia, ela se atrofiará, com a respectiva consequência na formação do caráter e da personalidade humanos. Assim, temos a obrigação de analisar o que vivemos, para definir o que é bom e o que é ruim. Não existe meio termo. Tem uma passagem no evangelho em que Nosso Senhor diz: “O morno eu vomitarei da minha boca”.

Foi então que me deparei na imprensa local com a notícia de que o Contador, em uma inauguração oficial, baixou o nível, naquele destempero inadequado que lhe é habitual, e num xingatório, incluindo palavrões, destinou todo o seu furor àqueles que o criticam. Como não sabe para onde ir, fica cômodo xingar e se perder na retórica, nivelando para baixo. Esqueceu-se dos programas que fazia no rádio, nos quais, em sua maioria, não sabia a quem criticar, mas, querendo ser oposição, baixava “a lenha”.

Uma cidade como Montes Claros, necessita muito mais do que um remendo, denominado Ecopista, feito por uma empresa privada, para cumprir um TAC – Termo de Ajuste. Inaugurar o quê? Nada. A pista de Cooper, que dá acesso à Avenida do Parque Municipal, precisa de recuperação, cujo benefício à população seria bem maior do que o remendo da obra inaugurada.

Para lembrar ao Contador, em 1982, na administração de Luiz Tadeu Leite, fui, junto com seis técnicos, o responsável pela criação da Secretaria de Esportes, hoje um cabide de empregos com mais de 25 funcionários. Construímos, com o apoio da iniciativa privada da Matsulfur (o concreto) e do SETAS (a mão de obra) 18 quadras poliesportivas, sem custos para o município.

Fizemos um dos maiores eventos esportivos da história de Montes Claros, com recorde na participação de gente de todos os cantos da cidade. Tivemos a Olimpíada de Bairros, Olimpíada Universitária, Olimpíada Operária, Jogos Universitários, Jogos Interbairros com diversas modalidades do esporte especializado e Peladão. Foi criado um corpo de arbitragem com mais de 60 juízes formados pelas Federações Esportivas, como também aconteceram vários seminários técnicos na área de fisiologia do esforço. O conjunto de intervenções resultou na participação de equipes do MCTC – Montes Claros Tênis Clube em campeonatos estaduais. Não apenas nossa memória, mas também farta documentação nos arquivos da Biblioteca do Centro Cultural prova nossas ações.

Tendo na cidade duas faculdades de Educação Física, uma associação de professores de educação física, a atual administração, até aqui, não tem mostrado interesse em recuperar quadras e jogos. Inexistem eventos esportivos nos bairros e as quadras poliesportivas estão abandonadas, muitas delas servindo de palco para o tráfico de drogas.

É tempo sim de chorarmos pelo abandono do esporte e ainda presenciar a inauguração de coisa alguma, motivo fácil para chacota. A citada inauguração é uma afronta à inteligência daqueles que têm bom senso, para não dizer uma “gozação” com a população da cidade, que tem 40% de jovens, sendo a maioria na faixa de 16 a 22 anos. Certamente gostariam participar de competições esportivas, caso elas existissem.

Ser um homem público é assumir todos os atos, prestando contas dos acertos e erros. Acorde Contador! Homens como Piloto, Sabu, Pedro Santos, Zim Bolão, João Galo e outros, foram exemplos da prática esportiva para sua geração e orgulho para a nossa cidade. Não se esqueça desses atletas. Nosso esporte pede socorro! Mostre o que pretende fazer por ele. Não impeça a construção de uma juventude saudável. Não permita que Montes Claros fique sem o bom esporte.

Luciano Meira ( * )

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