Escolhi o título acima, para falar sobre um assunto um tanto polêmico e muito escondido da mídia tradicional. Caixinha de Melindres é o lugar onde o ser humano guarda a sua vaidade, suas fantasias e seu orgulho.
Há um ano fui convidado pelo ex-prefeito Márcio Lacerda, que exercia a Presidência da Frente Nacional de Prefeitos, para participar de uma reunião em Belo Horizonte e outra em Uberaba, onde fui um dos consultores para a redação final do Plano de Desenvolvimento do Norte de Minas.
A equipe estadual do FOPEMIMPE – Fórum Permanente das Micro e Pequenas Empresas -, entre suas propostas, mostrou um caminho para desenvolvermos um trabalho junto às micros e pequenas empresas, e foi criada uma representação desse Fórum em Montes Claros, a ADENOR – Agência de Desenvolvimento do Norte de Minas, da qual sou diretor, e que é uma das responsáveis pela organização de eventos. O primeiro deles apresentou uma proposta de ação, e o outro, realizado na semana passada, focou as micro e pequenas empresas e a comercialização de produtos.
A “Caixinha de Melindres” diz respeito ao Governo do Estado, que, através das suas Secretárias, em várias gestões, age no Norte de Minas, trazendo “o pacote pronto”, que muitas vezes não condiz com a nossa realidade, e nós, parte interessada não temos o direito de opinar.
Foi assim nos Fóruns Regionais, que a meu ver foram um fracasso. E agora, com a reunião do FOPEMIMPE reúne algumas pequenas empresas de transformação do Norte de Minas e monta um curso sobre como vender para os grandes atacadistas.
A ideia é louvável, só que antes de irmos para o mercado atacadista, o Governo do Estado poderia proporcionar a organização das pequenas indústrias de transformação de Montes Claros e região. A regularização do SIM – Serviço de Inspeção Municipal – deveria ser uma das suas primeiras ações em todos os municípios, e, em Montes Claros, a revisão do SIM existente com o acréscimo da normativa da ANVISA, que traz vários benefícios para as pequenas empresas.
A FOPEMIMPE precisa dar às pequenas indústrias de transformação o conhecimento de novas tecnologias, como, por exemplo, uma escala de produção e padronização de produtos, deixando a comercialização para um segundo momento.
O Governo do Estado, através dos seus órgãos de fomento na região, na área de transformação foi um fracasso no PAPP I – Programa de Apoio ao Pequeno Produtor – e, posteriormente, em outros projetos, dos quais “o pacotão” que veio pronto falhou e decepcionou os empreendedores participantes.
Em Montes Claros há Pequenas Empresas de Transformação nas seguintes áreas: Cosméticos, Produtos de Limpeza, Temperos, Sucos, Doces, Farinhas, Cachaças, Queijos, Abatedouros de Frango, e outros, que deveriam participar desse evento, cobrando a regularização do SIM local, ter um Selo de Qualidade, com escala de produção e possibilidade de ofertar seus produtos à rede atacadista.
Com essas providências tão necessárias, o Prefeito e seus assessores quebrariam a “Caixa de Melindres”, colocando na pauta o desenvolvimento local, e determinando o rumo que o Governo do Estado deveria atuar. Como não dão importância alguma às pequenas empresas de Montes Claros, elas não podem brilhar, e, abandonadas, ficam com cara de cachorrinho para adoção.