No passado, sorrateiramente, o político local seguia nomeações de diretoras e outros cargos públicos, para ser o primeiro a noticiar, para obter simpatia popular. Destinava maior atenção a esse gesto do que a melhoria da cidade. Depois, mais sofisticados, começaram as cartinhas de aniversário, transporte de doentes, tapinhas nas costas, pose de papagaio de pirata em reuniões públicas, e outras colocações estratégicas.
Os anos se passaram, a indicação de cargos públicos municipais, estaduais e federais se tornou uma disputa partidária. Muitos queriam saber qual deputado indicaria um afilhado para administrar a Codevasf, DNOCS, Sedvam e Idene. Em vez de projetos e obras, virou modelo de gestão do governo petista a distribuição de canos, caixas d’água, leite e discurso de apoio à agricultura familiar.
Com o crescimento da população e a modernidade tecnológica, os programas políticos de rádio e televisão mostram um cenário fictício, informam a geração de muitos mil empregos, gordas doações para hospitais, e mais outro milhão de mentiras. Tem político, que acompanha as propostas do Governo Federal, mesmo que a ação dele seja estadual, para fingir que realiza obras, que é o pai da criança, mentindo em todas as direções. Usa também a mídia impressa, para criar notícias falsas, e com isso justificar a ausência de atendimentos às demandas locais. Nessa ótica, os problemas de Montes Claros parecem desaparecer.
A cara de pau desses políticos é tão grande, que quando aparecem pela cidade, dão uma passadinha na igreja e nos velórios, para distribuir falsos sorrisos solidários, aparentando que “está tudo bem”.
Deitados em berço esplêndido na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal recebem gordos salários, vivem de negociatas com as bancadas, ora apoiando o governo, ora votando contra, para pressionar e ganhar vantagens para si.
Montes Claros mudou. Sofrida, abandonada, largada ao seu destino, segue mambembe a procura do seu futuro. Novas pessoas aportaram por aqui, o número de estudantes universitários e secundaristas aumentou. As Micro e Pequenas Empresas deram um salto rumo ao desenvolvimento, representando mais de 35.000 empreendimentos com 130.000 pessoas envolvidas. Representam setenta e cinco por cento da força da nossa economia. E terão uma participação decisiva na próxima eleição.
A população percebe o que está acontecendo, vê o desleixo da Administração Municipal, o grave problema do desabastecimento de água. Veem que a cidade há décadas não recebe um projeto de porte para melhoria da sua mobilidade urbana. A maior parte dos recursos federais, quando aparecem, é para edificações, e o grande gargalo é a manutenção de hospitais, escolas, UPAS e Centros de Saúde. Os deputados sabem, mas fingem que não. Na iniciativa privada o gestor precisa ter meta, projeto e resultados. Quando isso não é demonstrado, procura-se outro com mais competência e o anterior é demitido.
Nas emendas parlamentares, praticamente não temos recursos para a cidade, sendo elas destinadas a outros municípios. Quais os projetos com verbas do Governo Federal, Estadual e Municipal para resolver a crise hídrica da nossa cidade? Como agir diante de uma tragédia dessas? A mentira é tão descarada, que os políticos parecem brincar com a população. Quantas vezes jogaram no noticiário os projetos de Irapé, Congonhas e Jequitaí? Que benefícios isso nos trouxe?
A população sabe onde o sapato aperta, e vai querer trocar de calçado na próxima eleição. Na última delas, para deputado em 2014, tivemos mais de 50.000 votos brancos e nulos, e a insatisfação popular fará esse número se multiplicar. O atraso no desenvolvimento da cidade nos coloca no ranking de pobreza e desorganização, o oposto do que poderíamos ser, a sonhada Cidade Desenvolvimentista, a sexta do estado. Não se fala em futuro. Montes Claros agoniza por falta de ações públicas eficazes. Num corredor de empurra-empurra, a enganação é a moeda corrente.
Você se lembra em quem votou na última eleição? Seu deputado foi eleito? E se sim, o que ele fez pela sua cidade? Analise a volta dele e a sinceridade do mesmo, quando for lhe pedir votos. Se você acha que tudo está bem, vote no Cara de Pau, que se exibe por aí. Mas, se acredita que temos potencial para desenvolver, mude, cobre, pergunte, não barganhe. Demonstre a insatisfação que estamos vivendo. Pagamos um preço alto pela nossa má escolha e não erraremos de novo com a omissão. Faça a sua parte!
( * ) – Consultor e Diretor da LD Consultoria
www.linhadiretaconsultoria.com.br