Fatos inusitados na cidade nos fazem analisar o meio em que vivemos e concluir como omisso o olhar de algumas pessoas, especialmente as autoridades municipais.

Já há algum tempo, a Praça Dr. Carlos, na área central da cidade, está abandonada em toda a sua extensão, assemelhando-se às áreas mais pobres da cidade, mas, pasmem, ela foi contemplada com um Cassino.

No período natalino a Prefeitura montou um casebre representando um presépio, com extremo mau gosto em suas imagens, pouco visitado pelos transeuntes, que praticamente ignoraram a decoração. Para nosso horror, mas garantindo o desleixo, marca registrada da atual administração, retirou as imagens, mas deixou o casebre “enfeitando” a praça.

Não demorou muito, apareceu um espertinho, que criou uma banca de jogo de cartas, na qual as apostas correm soltas o dia todo, incluindo a participação de um público de “sapos” palpitando as grandes jogadas.

Os transeuntes olham, podem pensar, e certamente pensam que aquele ambiente simboliza o descaso do poder público com a população. E simboliza mesmo.

Em um dos lados da praça está a Polícia Militar, que a exemplo da Guarda Municipal, não enxerga a contravenção a céu aberto. O olhar do ser humano, quando não utiliza a inteligência, é igual um animal no pasto, um olhar vazio que nada vê. Apatia total.

E tome valete, ás de ouro e outras cartas para que o truco seja vitorioso, e o prêmio em dinheiro seja pago. Esperamos que o Cassino esteja com seus dias contados.

No último artigo que publicamos, falamos das Pedaladas Fiscais da Prefeitura, e três dias depois vemos o Secretário da Fazenda fazer uma prestação de contas relâmpago na Câmara, quando informa que está se demitindo, porque está desconfortável no Passo Municipal. Um fato estranho e incompleto, que estamos tentando entender. O que, realmente, se passa na Prefeitura?

Na área central da cidade, os ambulantes trabalham com cerca de 40 carrinhos de frutas e mais 30 comercializam outros apetrechos. O Poder Público Municipal está incomodado com eles, mas não se preocupa em formalizá-los e orientá-los em uma padronização estética, para que os mesmos possam ter o seu pequeno negócio até superar a crise econômica em que vivemos.

No edital que a Prefeitura fez para legalizar o comércio dos “barraqueiros” nas festas municipais, se preocupou com a cobrança das já famosas e exorbitantes taxas, mas não agiu para torná-los Empreendedores Individuais. A não formalização os impedem de participar de cursos profissionalizantes para melhorar seus negócios.

A falta de visão que não enxerga o Cassino na praça central da cidade é a mesma que não tem a sensibilidade para orientar a gerir os pequenos negócios.

Se na área central sentimos esse abandono, imagine nos bairros, onde o poder público há muito não frequenta, deixando para os empreendedores a missão da sua organização.

É irônico, mas a Prefeitura tem em seus arquivos um Projeto de Urbanização da Área Central da Cidade feito por um dos arquitetos mais renomados no Brasil, Jaime Lerner, e não consegue viabiliza-lo nem executá-lo.

E assim Montes Claros vai vivendo seus dias de abandono, desleixo e cegueira.  A caixa de Pandora parece que nunca se esvazia. A todo instante temos mais uma grande e má surpresa.

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