O leitor tenta interpretar o nome do artigo, imaginando que o termo “cachorrada” tenha sido usado para designar ações de políticos demagogos, tipos muito comuns nos rincões da nossa terra ou quem sabe, uma enganação, alguém que promete fazer algo que nunca fará?

Há algum tempo a mídia vem noticiando a invasão canina na área central e em toda a cidade, algo imenso, nunca visto em administrações anteriores. As reclamações da população nem tampouco o apelo da imprensa foram capazes de sensibilizar o Prefeito a autorizar o Setor de Zoonose da Prefeitura para recolher os cães com a carrocinha.

Diz o ditado que “cada um sabe onde o sapato aperta”, e foi assim que lidamos com o drama de ter uma pessoa da família atacada por um cachorro de rua, em uma região nobre da cidade, o Bairro Cândida Câmara.

Montes Claros, uma cidade universitária com uma população de mais de 400 mil habitantes, nos fazia acreditar que diante de um desastre desses, teríamos uma Medicina eficaz. Não temos. Para nosso espanto, seguiu-se ao ferimento da vítima, outra ferida exposta: a fragilidade da gestão pública da saúde local e seu descaso assassino para com a população.

A Administração Municipal interviu no HU – Hospital Universitário Clemente de Faria, que atendia casos de mordidas de animais peçonhentos como cobra, escorpião, aranha, assim como de cães, gatos, morcegos, gambás e outros animais. Desde então passou a seguir novas normas da Gestão Pública de Saúde, passando o atendimento do Protocolo do Ministério da Saúde aos Postos de Saúde Municipais. A população sabe da quase impossibilidade de se ter um atendimento médico nos finais de semana. O caso acima mencionado, acontecido no dia 27 de abril, uma sexta feira, foi seguido pelo fim-de-semana, depois pelo ponto facultativo do dia 30 de abril, então o Dia do Trabalhador e a volta ao serviço apenas no dia 2 de maio às 13 horas. Conjunção dramática para quem precisa de atendimento e vacinação imediatos. A Infectologia recomenda para acidentes graves: lavar a área atingida com água e sabão, usar soro e iniciar a vacinação – cinco doses -, de maneira imediata, além dos usos de vacina antitetânica e antibióticos.

A vítima foi informada no HU que o atendimento de mordedura de cachorro não mais seria feito naquele hospital e sim no Posto de Saúde do Bairro Esplanada. Lá, mais três pessoas mordidas por cães esperavam por solução, enquanto a aplicação da vacina só seria possível após o feriado. Esse Posto de Saúde além de não ter expediente noturno, não funciona nos finais de semana.

Diante da situação, procuramos a rede privada e soubemos que ela não pode trabalhar com esse tipo de vacina, uma exclusividade dos órgãos municipais, estaduais e federais. O poder público além de não dar a opção de se comprar a vacina, ainda nos veta a utilização da mesma numa emergência.

A raiva canina tem cem por cento de mortalidade, e o fato pelo qual passamos escancara a incompetência municipal. Um Prefeito que não consegue promover o recolhimento de cães soltos nas ruas, que visão poderá ter para melhorar sua cidade? Se algo tão simples, o Prefeito e sua equipe não conseguem solucionar, imaginem os grandes projetos de desenvolvimento que a cidade requer?

Eleitores, atenção, não se deixem enganar: a mordida da enganação política e a dos animais caninos estão espalhadas pelas nossas ruas, enquanto o Prefeito altivo em sua prática da imobilidade permanece sentado num confortável gabinete tendo o seu ego massageado por assessores e um séquito de aduladores. Só nos resta morder o cachorro para virarmos noticia.

 

( * ) Consultor e Diretor da LD CONSULTORIA

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