Sabemos como é acido o limão, mas a fruta pode nos dar um suco delicioso. E foi na acidez da gestão administrativa do Automóvel Clube de 1985, que identificamos irregularidades que precisavam parar. Movidos por bons propósitos, tentamos sugerir alternativas para sanar aqueles erros numa reunião com a Diretoria do Clube. Para nossa surpresa, fomos duramente intimidados e proibidos de questionar as decisões soberanas dos diretores.
Isso nos levou a criar um movimento de oposição no Automóvel Clube, que viabilizaria uma eleição, coisa que não acontecia por lá há mais de quinze anos. Mesmo com a perseguição, uma chapa de oposição foi criada, porém os membros foram pressionados a desistir. Mantivemos a chapa e aconteceu a eleição. No dia da votação fomos chamados à sala da diretoria por Mário Ribeiro e João Vale Maurício, que, numa conversa afável, aconselharam-nos a não prosseguir na disputa.
Após essa conversa, subindo a escadaria de acesso ao salão principal, fomos abordados por um venerável, que nos ameaçou: “vocês não sabem com quem estão mexendo!” E vendo que nossa posição era irrevogável, adiantou os números da eleição, acertando com margem mínima de erro.
Fecharam as lojas e clubes de serviço, convocaram os sócios e os amigos compareceram em peso. O placar foi, se não nos falha a memória, de 26 votos para a chapa de oposição e 178 votos para a situação.
A nossa plataforma era acabar com as mordomias dos diretores (25) que tinham gratuidade nas mesas em todas as festas, assim como cortesia de bebidas, jogos de carteado e outras benesses.
Na ocasião, o quadro do Automóvel Clube era de 1.200 sócios contribuintes, e hoje conta somente com 80 desses sócios. A desistência da maioria dos associados deu-se pela má gestão e falta de visão administrativa. A nossa cota de sócio fundador tinha o número 102, que devolvemos ao Clube logo após a nossa derrota na eleição. Não era possível continuar naquela canoa furada. Ainda que, por aquela época, só do lado dos não diretores.
Demorou, mas o dia da derrocada chegou. Vinte anos depois, em 2018, para fechar as contas do Automóvel Clube, a atual diretoria, com débito de R$200.000,00 decidiu colocar o Clube a venda, hoje avaliado em mais de R$20.000.000,00. Para o bem de todos, está aí uma negociação que deveria ser acompanhada pelo Ministério Público.
Na nossa mente ficou a pergunta: onde está o “Clubinho de Amigos”, outrora defensor de mordomias e daquela gestão duvidosa? Por que não apresentaram uma solução para a manutenção do Clube, que foi referência dos melhores eventos sociais da cidade? Aos diretores oportunistas do passado, uma lição de vida e a prova de que a vaidade tem alto preço.
O jornalista Paulo César Júnior sugeriu transformar o Automóvel Clube em um Centro de Convenções. Uma boa ideia, já que, por absurdo que pareça, Montes Claros não tem um lugar específico para isso.
As Micro e Pequenas Empresas de Montes Claros necessitam de um lugar próprio para realizar suas feiras, convenções e treinamentos, o que iria alavancar a nossa economia. Os eventos comerciais ali realizados, além da presença do comércio local, poderiam contar com grandes empresas nacionais expondo seus produtos.
Numa visão de Futuro e de Desenvolvimento a Prefeitura de Montes Claros poderia ser a grande parceira num projeto como esse, uma vez que no Plano Diretor do Município existe a proposta de criação do tal Centro de Convenções. No caso, o Prefeito teria oportunidade de investir no Futuro, apoiando as pequenas empresas, pois, ao criar o Centro de Convenções de Montes Claros transformaria o limão numa doce limonada.
( * ) – Consultor e Diretor da LD Consultoria