A apresentação começou no circo, e depois se espalhou pelas escolas, igrejas e bairros, tornando-se a maneira de se comunicar com a população, numa linguagem singela, na qual o riso predomina. No teatro de fantoches há um pequeno cenário, onde bonecos protagonizam grandes decisões, através de um ventríloquo. Usando a sua voz e sua habilidade com cordas, manuseia os personagens, dando-lhes vida, assim como manipula a plateia.

 

Tal analogia serve de paralelo para as notícias divulgadas pela Prefeitura. Um pingo d’água se transforma numa tempestade, onde a população enxerga, mas não vê tudo aquilo que dizem ter feito e transformado a cidade. As artes do ventríloquo do teatro de bonecos ocupam a imprensa escrita, falada e televisada, como se algo inédito estivesse acontecendo, e a população estivesse prestes a ver o Céu. Puro engodo!

 

Nota-se logo, que o ventríloquo não esteve nos Postos de Saúde dos bairros. Neles, alguém teve a “brilhante ideia” de acabar com o convênio com médicos especialistas, originando uma fila sem igual. Exame mais simples, como o de próstata, por exemplo, que deveria ser rotina, leva mais de seis meses para ser atendido. Os mais complexos esperam o próximo ano. Faltam medicamentos, e para conseguir o atendimento da receita, a única saída é solicitá-la por via judicial.

 

O Centro Cultural comemorou seus 40 anos num estado de abandono dos maiores, com vidros quebrados e portas e janelas escoradas. O Centro Cultural Nordestino está largado ao lado da linha férrea, e daqui a algum tempo deve virar um depósito de sucatas.

 

Nos últimos meses alastra-se a construção de parques ambientais pela cidade (e as praças continuam abandonadas), enquanto falam serem obras da Prefeitura, na verdade são acordos com o Ministério Público, situações em que as empresas fazem uma compensação ambiental, construindo os parques.

 

No início do ano, por decisão do Prefeito, as creches que atendiam ao Maternal I e II foram reduzidas, em sua maioria, destruindo as possibilidades de trabalho das famílias, pois não há alternativa para deixar as crianças.

 

O asfalto “retalho” vem sendo realizado em pequenas fatias, em algumas ruas, assim os fantoches poderão gritar seu “pacote de obras” e impressionar a plateia. Dos trinta quilômetros de asfalto licitados e outros trinta por vir, irão fazer da sexta maior cidade do estado um Corredor de Fantasias.

 

O Distrito Industrial II foi abandonado sem água, luz, e asfalto, e isso nos envergonha. Até o momento, não há nenhuma ação da Prefeitura naquele local, e o Prefeito noticia à imprensa, que a cidade recebeu 400 novas empresas. Não revelou, no entanto, que, a maioria delas é de empreendedores locais, que estão implantando pequenas empresas sem apoio nem do município, nem do estado. E quando o Prefeito se coloca a falar como um ventríloquo, poderia assumir a posição de bom gestor, apoiando e incentivando a implantação ao oferecer capacitações e orientações técnicas para os empreendedores. Ah, isso o poder público não faz!

 

É triste ver um quadro como esse, quando continuamos assistindo a esse teatrinho infantil, que tenta ludibriar uma população de 402 mil pessoas. Somos uma cidade que se orgulha de ser um Pólo Universitário, característica esta que deveria intervir, através de seus técnicos, substituindo o teatro por fatos reais, para nos tornarmos uma Cidade Progressista.

 

No fundo do palco poderia ser colocada uma faixa dizendo “Em terra de cego, quem tem um olho é Rei”, ou melhor, “O Rei está nu” e ninguém tem coragem de dizer. Para um teatro de informações, uma comemoração mambembe para o aniversário da cidade. Deveríamos, mas não podemos esperar nada diferente disso.

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