A onda ecológica tribal do Papa Francisco I baixou na Câmara Municipal. Depois de três anos vivendo em uma corte, onde a moeda de troca é o silêncio sobre os desacertos do Prefeito, os vereadores viram a opinião pública desaprovar essa pajelança, coisa inédita na política da cidade, mas não se tocaram.

Dois instrumentos básicos para proporcionar uma gestão pública eficaz são ter um orçamento planejado e que seja cumprido, e um Plano Diretor para nortear o desenvolvimento da cidade.

Qual é a função de um vereador? Fiscalizar a administração do Prefeito,  verificando como os recursos são aplicados, e exigindo o cumprimento das metas orçamentárias. A atual Câmara Municipal resolveu percorrer outro caminho. Em vez de fiscalizar, passou a mendigar favores no gabinete do Prefeito. Pede para varrer uma rua, trocar uma lâmpada do poste, tapar buracos, doar cestas básicas, e a ação mais brilhante: dar um título de cidadão honorário para agradar a família de um eleitor.

O mais espertinho desobedece à lei que proíbe a utilização de imagens públicas de comparecimentos a eventos da Prefeitura. Ignorando-a e tira fotos, enviando releases enaltecendo o Prefeito e se responsabilizando pelas obras executadas.

Na fila da vaidade, cada um vai esbanjando seu talento criativo, imaginando que engana a população, seja como Papagaio de Pirata, seja com um discurso favorável ao Prefeito, atitude que não é sublime nem inédita na cidade.

O Prefeito, para não sair da onda, investe numa cota publicitária milionária (a mais alta já executada no município), para dar a si mesmo uma imagem brilhante de super-star. De passagem, recebe o título de Doutor Honoris Causa da Unimontes, devido ao Projeto de Estadualização da entidade, porém seus autores foram o ex-Deputado Milton Cruz e o Professor Ruy Klasmann, esquecidos numa omissão injusta.

Na onda de bajulações, o Prefeito recebe do CODEMA – Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio ambiente de Montes Claros, órgão dirigido pela Prefeitura, o Prêmio Professor Ivo das Chagas,  indicado para destaques na preservação ambiental. Por sugestão de um vereador, o Prefeito Verde emplacou mais um título para o rol da sua grande vaidade.

A opinião pública viu a honraria e entendeu tudo, sem tirar o olho das praças abandonadas, Parque Municipal mal conservado, Parque Sapucaia destruído e outros descasos. Ainda assim, tentam ludibriar a população, como se ela não soubesse raciocinar.  

Vocês conhecem algum Vereador que apresentou para as lideranças um Plano de Desenvolvimento da sua região ou do bairro onde reside ou atua? Ou se algum deles explicou porque a verba do orçamento não se presta às pequenas obras de manutenção das áreas públicas dos bairros? E os Postos de Saúde com todas as suas faltas, a saber: medicamentos, exames e consultas com médicos especialistas? 

Quando o cidadão questiona o Prefeito sobre as obras fora do centro, ele, no seu estilo bronco, responde “estou fazendo avenidas e asfaltando, o asfaltamento nos bairros é assunto dos vereadores”. Assim, com sua verbe de velha raposa política, transfere para os vereadores o problema. Os mil metros quadrados de asfalto, facultados aos edis não dão para pavimentar nem um quarteirão.  

No próximo ano, nas eleições municipais, a população acabará com essa pajelança e julgará os vereadores e o Prefeito pelo abandono dos bairros e pela falta de uma política de desenvolvimento para Montes Claros, a maior cidade do Norte de Minas. Votem e aguardem pelo resultado.

( * ) Consultor e Diretor da LD CONSULTORIA 

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